Por trás da Piattella: Q&A Cannabico com Uncle’s Farm

Para entender realmente o que é “Piattella” e como surgiu algo capaz de revolucionar o mundo das extrações em todo o mundo, é preciso ir até suas raízes. Mergulhamos nessa história e entrevistamos o alquimista por trás de tudo isso.

A gente podia te contar que Piattella é um produto exclusivamente produzido e comercializado pelo clube Uncle’s Farm, em Barcelona – e que esse produto e o método de cura que ele envolve ganharam tanta visibilidade lá fora que hoje em dia o nome é falsamente utilizado por muitos clubes e comerciantes só pra atrair clientes. 

Mas a Piattella tem uma origem bem definida e única. Ela foi inventada por Zio, um italiano que dedicou anos de sua vida ao cultivo de Cannabis e suas extrações.

Fomos até Barcelona, em seu clube, para conhecer e pesquisar a fundo todas as informações sobre o tema. Chegando ali, encontramos um ambiente tranquilo e uma equipe atenciosa pronta para nos relembrar todas as regras de um clube cannabico em Barcelona e nos atender da melhor maneira possível. 

Zio não é uma pessoa pública, por isso nem sempre concede entrevistas – o que torna essa matéria ainda mais especial. Mas na maior parte do tempo, vai estar no clube, atrás do balcão, te mostrando e explicando pessoalmente a variedade do menu do dispensário. Foi assim que ele construiu o que acredita: uma comunidade que busca qualidade. Não pelo hype e nem pelo marketing. Mas porque quer consumir o melhor. 

O que é a maconha pra você?

“É a minha medicina.”

A história de Zio com a maconha começou há 20 anos. Ao fumar essa medicina sagrada, ele encontrou a solução para uma condição patológica debilitante do sistema nervoso, que lhe causava dores intensas e espasmos musculares. Zio nos contou que, quando experimentou pela primeira vez a cannabis cultivada organicamente por um dos melhores cultivadores da Itália, obteve um benefício instantâneo. A partir desse momento, ele compreendeu que a única maneira era cultivar seu próprio remédio e que essa seria a dedicação de sua vida. Foi aí que ele passou de paciente a cultivador de seu próprio remédio.

Zio nos contou que o processo surgiu do desejo e da curiosidade constantes por melhorar o que fumava. Não apenas pensando no efeito e no sabor, mas também em preservar as propriedades terapêuticas da planta e suas extrações. Foi em 2020, durante a pandemia, que Zio compreendeu toda a alquimia envolvida em curar a frio o ice da melhor qualidade e como preservar as propriedades organolépticas de se deteriorarem com a oxidação.

PS: o ice da melhor qualidade, utilizado por Zio para fazer a Piattela, refere-se ao o WPFF (Whole Plant Fresh Frozen) ice-o-lator: feito com a planta inteira e congelada ainda fresca.

“Se você não cura a uva, não há vinho.
Se você não cura a carne, não há presunto.
Se você não cura o leite, não há queijo.

E preservar essa cura era o meu objetivo.”

É a partir daí que nasce uma das maiores revoluções da atual cena do haxixe: a Piattella, a cura perfeita do ice-o-lator 6 estrelas, da melhor qualidade.  

Em que contexto ela nasce?

Zio nos contou um pouco sobre o consumo de extratos nos Estados Unidos e na Europa antes da Piattella. Nos Estados Unidos, o mercado se desenvolveu primeiro com o cultivo da planta, depois com extratos com solventes (como o BHO) e, finalmente, com o WPFF usado principalmente para produzir rosin.

Na Europa, por outro lado, era comum consumir muito haxixe marroquino – o famoso dry -, principalmente misturado com tabaco. Mas com a chegada do WPFF, o panorama começou a mudar. Os poucos que produziam o WPFF o utilizavam como meio para produzir rosin ou mutando/oxidando algumas gramas do material em potes pequenos para uso pessoal.

Em 2019, Zio e seu sócio Francesco abriram seu clube. Literalmente, sua obsessão era garantir a todos membros do clube uma experiência única. E por isso, toda a produção do cardápio era controlada por Zio e seu outro sócio, Premier. Mas o problema para Zio surgiu no dispensário. Ao servir o melt fresh frozen, do jeito que sai do freeze dryer, a textura era muito pegajosa; era difícil para Zio servir e também para o sócio enrolar o WPFF em um baseado.

Pra contextualizar, Zio nos contou uma história que pareceu um pouco horrenda só de ouvir:

“Os sócios ativavam o WPFF em papel manteiga. Davam forma de moeda e colocavam no dichavador junto com o tabaco. Em seguida me pediam para congelar a mistura por 5 minutos. Aí retiravam, obtendo uma consistência dura e não pegajosa, que lhes permitia triturar e enrolar o baseado.”

Nazaré confusa

Era isso, ou usar o ice pra fazer rosin. Nos Estados Unidos, onde o mercado é mais estabelecido e existem muitas opções de vaporizadores, é mais comum fumar rosin do que ice. O ice acaba se tornando mais um insumo para chegar ao rosin do que um produto final.

“O ice é a coisa mais pura que se pode sacar da planta conservando a cabeça do tricoma intacta, mas o produto parecia incompleto”

Qual foi o maior desafio para desenvolver a Piattella?

Para elucidar, segue mais um exemplo do Uncle:

“Se você deixa o vinho aberto, o ar oxida. O mesmo acontece com a resina e os terpenos da matéria.”

 Mas o fato é que Zio queria encontrar a cura perfeita e a melhor maneira de manter o WPFF de melhor qualidade. E não parou até conseguir.

O problema não era curar, mas manter os terpenos e as propriedades organolépticas do produto, uma vez obtido o ponto de cura perfeito. Eu precisava garantir a todos os sócios a mesma qualidade do produto sempre, da primeira à última grama. No fim, foi por isso que desenvolvi meu próprio método de cura de WPFF e o chamei de Piattella. Sempre gostei dessa comparação para entender a diferença entre o rosin e a Piattella: o rosin é mais estável, é como o whisky — com o tempo, muda pouco. O fresh frozen, a Piattella, é como o vinho — se você não souber como preservar, vai se perder.”

piattella cortada

Então, como começou a paixão pelas extrações, que inspirou a buscar a melhor cura pro melhor hax?

“Quando experimentei o ice-o-lator pela primeira vez, senti algo diferente e percebi que havia todo um mundo por trás disso, e que sem um bom cultivador, não é possível ter uma boa planta nem uma boa extração. Se você é cultivador, experimenta tudo da planta — a extração é um universo à parte para explorar. Quando você cultiva, ama a planta e quer conhecer tudo o que ela pode oferecer.”

Qual a maior dificuldade do mercado?

“Com certeza é a legalidade. É difícil, mesmo na Europa, trabalhar legalmente com essa planta. O que existe são situações de tolerância e muitas vezes falsas. Mas é minha medicina, então não me importa, vou fazer. Não faço nada de ilegal. Consumo minha medicina nos países que são mais tolerantes com essa planta.”

Quais foram suas referências neste mercado?

“Muitas pessoas me inspiraram… Mila Jansen, Frenchy Cannoli, Neville, Shantibaba, Skunkman, F. Casalone… Mas, definitivamente, Franco Loja me marcou. Ele foi a primeira pessoa, no mundo da cannabis, que confiou em mim quando eu tinha apenas 19 anos.”

Ao entrar no clube Uncle’s Farm, em Barcelona, é fácil identificar menções ao Franco Loja pelas paredes. Além dos típicos vídeos de YouTube do Strain Hunters, que ficam passando e compondo o background do clube durante todo o tempo.

Atualmente, a família Uncle’s Farm conta com o apoio e a colaboração de alguns dos melhores cultivadores e extratores do panorama europeu, tais como: HashTheory, Slite23, SuperPigFarm, GrowerHash e Ctnorganics.

Zio tem um mantra que costuma utilizar e nós também perguntamos sobre ele:

camiseta uncle's farm I'm nobody but nobody can be me roxa e amarela

Qual o significado de “I’m nobody but nobody can be me”?

“Significa que somos todos únicos e importantes. A verdadeira essência está sempre dentro de si… e você pode fazer a diferença se acredita em si mesmo. Eu não sou melhor que ninguém e nem sou ninguém… mas ninguém pode ser eu. É uma maneira de lembrar que eu não sou nada. As pessoas são rápidas em se dar uma nota de importância a acreditar que são algo grande. Não acho que sou nada, mas seguramente posso fazer a diferença porque sou único… como todos.”

O que faz a Piattella ser tão especial?

“A Piattella é a minha forma pessoal de curar o fresh frozen, de uma maneira que faz com que o material exalte suas próprias propriedades organolépticas.”

Por fim, o que é a Piattella?

É o ice‑o-lator fresh‑frozen, curado a frio e armazenado com precisão. O resultado é uma textura cremosa, terpenos vibrantes e sabor imbatível. Os fãs a consideram a expressão máxima de uma “cultivar” – uma planta ou cepa específica.

Como bom alquimista Zio lançou no mercado as Piattella Foils, disponíveis na web e em distribuidores autorizados, sinalizados no Instagram oficial das Piattella Foils.

As folhas perfeitas pra curar e armazenar seu fresh frozen. 

Hoje em dia, muitos clubes e marcas cannabicas usam o nome “Piattella” ou variações gramaticalmente questionáveis em italiano fraco como “Piatella” ou “Piattela”. Mas isso não é motivo pra parar um propósito como o de Zio. Como ele mesmo disse, a Piattella é um processo pessoal e exclusivo dele. Não é uma técnica, um material ou uma temperatura… Não é só uma cura ou só um produto… É algo que mais ninguém no mundo pode replicar se não o próprio Zio. 

É claro que ele também repassa seus conhecimentos e seus aprendizes respeitosamente mencionam a Piattella como uma referência, não como o produto que está sendo vendido ali. Então, agora você já sabe: se encontrar “Piattella” por aí, mas não for do Uncle’s Farm, ou da mão do Zio… não é Piattella

Se quiser ler a entrevista em espanhol, clique aqui.

Se quiser ler a entrevista em inglês, clique aqui.

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2 comentários em “Por trás da Piattella: Q&A Cannabico com Uncle’s Farm”

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