A criança interior na vida do adulto funcional (e possivelmente chapado)

criança interior na vida do adulto funcional

Lá dentro, bem no fundo de quem lida com as demandas e responsabilidades da vida adulta, ainda vive uma criança – curiosa, brincalhona e talvez um pouco rebelde. A criança interior e o adulto funcional andam de mãos dadas.

A criança interior é a mesma que sonhava, criava mundos e enxergava o impossível como algo muito mais distante do que seus sonhos.

Reencontrar essa criança é um ato de cura com o passado, presente e futuro.

a criança interior na vida do adulto funcional chapado

O que é a Criança Interior?

A “Criança Interior” não se resume a uma metáfora bonitinha.

Na psicanálise e em outras abordagens terapêuticas, fala-se muito sobre a Criança Interior — não como uma fantasia simbólica, mas como uma estrutura psíquica formada a partir das primeiras experiências de afeto, frustração e cuidado.

O psicanalista Donald Winnicott chamou essa dimensão de “self verdadeiro”: a parte espontânea e autêntica que nasce do contato genuíno com o ambiente e com as figuras cuidadoras.

Em resumo, a criança interior é quem moldou nossa personalidade, ela guarda nossa essência, nossos sonhos, mas também nossas dores e influencia diretamente os comportamentos da vida adulta.

Como ela se manifesta?

Antes de tudo, é preciso lembrar que nós, seres humanos, somos animais. E enquanto mamíferos que convivem em bando/sociedade, há o desejo de pertencer; pois quando há pertencimento, há proteção e quando há proteção, há sobrevivência.

Sendo tão vulneráveis enquanto crianças, buscamos formas de sermos amados e protegidos para que assim possamos sobreviver.

Amor é sobrevivência e vamos fazer tudo por ele. -Hadla Camargo

E assim, à medida em que vamos aprendendo o que é ou não amor, e quais são os “pré-requisitos” para ser amado dentro de cada sistema familiar, moldamos nossa personalidade, destacando ou diminuindo certas características do Eu.

Na teoria de Winnicott citada anteriormente, este comportamento pode ser entendido como o “self falso”: uma adaptação defensiva para sobreviver e agradar – ressalto que nem todo “self falso” é patológico, ele é importante, especialmente para que haja um convívio em sociedade harmonioso.

Enquanto cresce, a criança pode se deparar com dores e traumas e é aí que entra o termo “Criança Ferida” – ela é a parte que precisa ser nutrida e acolhida, pois vivenciou situações como violência, negligência, críticas constantes ou excesso de controle e não recebeu o cuidado necessário para lidar com essas dores.

Muitas vezes, consciente e inconscientemente, a Criança Interior guia diversos comportamentos e crenças do Adulto, seja em momentos de euforia e celebração ou de frustração e raiva (Criança Ferida).

Quando um adulto vivência uma emoção muito forte ou ativa alguma memória traumática (o que conhecemos como gatilhos), o cérebro reduz a atividade do neocórtex, que é o responsável pelo pensamento racional; neste momento, o corpo é comandado apenas pelas partes instintivas e emocionais. 

O que isso significa na prática? O corpo entende que o trauma está se repetindo, então, na tentativa de sobreviver, ele reage mais do que pensa, a reação não é proporcional ao presente, é como se o passado (ou a Criança) assumisse o controle.

Batimentos acelerados, raiva ou choro desproporcional, tremores, dificuldade de pensar claramente e inquietação são alguns dos sinais de quando a criança ferida toma o volante e está tentando sobreviver.

Nesses momentos, a Criança Interior não tenta sabotar o adulto; ela tenta restaurar um senso de segurança que foi rompido, ela está em busca do acolhimento que não recebeu.

O problema é que muitas vezes, o adulto não consegue reconhecer o padrão e muito menos quebrá-lo e então pode vivenciar dois extremos: uma crise emocional causada pelo gatilho ou uma repressão das emoções por julgá-las como “exagero”.

Aqui, o mais adequado a se fazer é buscar maneiras de “aterrar” o corpo, como fazer alongamentos leves, sentir os pés no chão, cantar e ouvir músicas ou fazer respirações lentas e conscientes.

Para posteriormente, com o suporte de terapeutas de confiança, olhar para as questões da Criança Ferida na busca de processar e reintegrar as memórias, de formas mais sustentáveis e saudáveis para todas as suas versões.

Cultivar uma relação com a Criança Interior é essencial para o equilíbrio emocional e para uma vida adulta mais consciente e mais leve — seja chapado ou não.

O adulto funcional (e possivelmente chapado)

meditando com cannabis

Nos tempos atuais, ser um adulto funcional por si só já é uma arte que exige muita saúde mental.

Ser um adulto funcional chapado, pra Gush, é quase um equilíbrio tântrico entre o autocontrole e o flow.

A vida adulta pede estrutura, mas a gente sabe que a alma quer um respiro da rotina caótica.

E é nesse equilíbrio que muitos encontram na cannabis consciente uma ponte: uma ferramenta de presença, relaxamento e conexão com o próprio corpo.

O “adulto funcional (e possivelmente chapado)” é aquele que entendeu que pode ser responsável e ainda assim explorar novas camadas da própria consciência com leveza.

É sobre entender a planta (e qualquer outra medicina) como ferramenta de autocuidado, mas também buscar ir além. Para dentro de si mesmo, reconhecendo seus padrões e aprendendo a cuidar da mente — abrindo espaço para a curiosidade e o encantamento de novo.

A maconha, quando usada com intenção, pode abrir esse canal de reconexão com o lúdico. Pode nos ajudar a dissolver a rigidez do dia-a-dia e trazendo leveza à experiência de ser.

Um Portal: O Reencontro com a Criança Interior

Conectar-se com a Criança Interior é relembrar o prazer de criar, sem a obrigação de performar. 

Colorir, cozinhar, dançar, plantar, decorar um espaço especial, fazer um ritual só seu — com presença e intenção, tudo pode ser um portal.

É nesse espaço que a Gush e Larissa Midori se encontram: entre a arte, o ritual e o lúdico:

Reconhecer a Criança Interior é um processo de reconciliação interna, um portal que muda a perspectiva de uma vida inteira.

Olhar pra Criança e honrá-la é fazer as pazes com a leveza, com a criatividade, com o prazer.

É resgatar a essência, aos poucos, camada por camada.

Resgatar os sonhos e o brilho nos olhos.

Atravessar o portal de reconexão com a Criança Interior é dizer sim à vida, dar as mãos para a esperança, olhar nos olhos da coragem e se lembrar da luz que nunca se apaga.

Enquanto a brisa leve toca o seu rosto, mesmo tímida, a criança te lembra que ainda vale a pena viver, mesmo depois de muita dor.

Ela te lembra, que como ninguém, você sabe exatamente o tipo de amor, cuidado e acolhimento que precisa, e se acaso não souber ou não lembrar, tudo bem, com um sorriso no rosto, ela sussurra em seu ouvido “Enquanto há vida, há tempo”.

Tempo de aprender, de se conhecer, se curar e se acolher, tempo de doar e receber, tempo de Amor.

Enquanto há tempo, há vida.

Ela te mostra onde ainda há medo, repressão ou vergonha — e também onde ainda existe brilho, curiosidade e imaginação.

Ela nos lembra que infância é um chão que pisamos a vida inteira, como sabiamente disse a escritora Lya Luft.

E nos ajuda, dia após dia, a estar de olhos atentos e coração aberto para reconhecer a poesia cotidiana, a magia dos detalhes, os glimmers.

Quando damos voz à criança que fomos, nossa versão adulta se torna mais inteira.

Mais empática.

E mais presente.

Com Amor, Larissa Midori∞.

Lembre-se: cuidar de uma criança não é tarefa simples, com a Criança Interior não seria diferente.

Em alguns casos, se faz necessário ter um acompanhamento de terapeutas especializados. Há certas dores pesadas demais pra gente carregar sozinho, mesmo depois de adultecer.

Por isso, não hesite em pedir ajuda. Para saber mais sobre o acompanhamento terapêutico com foco na Criança Interior, você pode entrar em contato com @midorilarissa

Ritual Gush: relembrar o brincar

Se você tem sentido algum desses sintomas:

  • Perfeccionismo e autocobrança excessiva;
  • Dificuldade de sentir prazer sem culpa;
  • Falta de conexão com o corpo ou com o presente;
  • Criatividade bloqueada.

Pode ser que a sua Criança Interior esteja pedindo atenção.

Mas não se preocupe, assim como brincar, não precisa ser complicado.

A conexão com a Criança Interior não precisa ser teórica — ela é vivencial.

Por isso, trouxemos 5 rituais pra você se reconectar com sua criança (chapando ou não):

  • colorir seu gush goodie;
  • dançar sem roteiro;
  • cozinhar algo novo;
  • assistir seu filme favorito de infância;
  • observar o pôr do Sol ou a Lua e se preencher de gratidão.
ritual pra reencontrar a criança interior com cannabis

O ritual é simples: presença e curiosidade. Lembre-se: com intenção e presença, tudo pode ser um portal.

Se conectar com sua criança é abrir espaço para a espontaneidade e para o prazer genuíno – duas qualidades essenciais para uma vida funcional e feliz.

A criança interior representa nossa essência, o Eu mais verdadeiro, espontâneo e criativo, aquele que está além de filtros, máscaras e “adultices”. Ela representa o conjunto das experiências, emoções e aprendizados que vivemos na infância e que continuam dentro de nós.

Quando você se permite sentir, rir e explorar, está automaticamente cuidando da sua Criança Interior.

Se você nunca explorou a plantinha como ferramenta espiritual ou pra expandir os territórios pra dentro de si mesmo, comece por aqui, na nossa matéria sobre Maconha e Meditação.

Dare to find out. Gush in.

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